segunda-feira, 28 de maio de 2012

e o que resta para um esmagador de alho?

O ato da escolha. Está aí um negócio que me incomoda. Sempre me incomodou. Ao menos nas minhas experiências, ela sempre implicou num limite posto, frente a uma perda iminente. Poxa, não se pode transformar esse processo numa outra coisa? Num outro regime de produção? Eu ainda não consegui, mas venho pesquisando/experimentando/tentando. Será que sempre a escolha terá que colocar uma condição de castração? Do algo que não pode compor? Mas que saco...

sábado, 21 de abril de 2012

Let it be



Oi ajojo... chegaste então?  O que, eu? Não... acho que tu fazes parte desse momento, bem capaz. Sim, isso mesmo... afinal, fazermos uma mudança dessas, algumas coisas tem de serem sentidas. Exato, a experiência no corpo, concordo. É, eu sei que tu não viria assim, do nada também, e já sei o que te mostrou o caminho pra me encontrares aqui... Sim, eu sei que não precisa durar muito tempo a tua companhia, não precisas me repetir... mas não me interessa muito essa história de adaptação... Não, não sei ainda que palavra poderia usar, deixa assim, por hora...

segunda-feira, 12 de março de 2012

O leve pesa, e o pesado leva

Essa palavra já virou algo tão pouco clara, justamente pela diversidade que "uma coisa" pode abarcar. Já tenho minhas 'coisas' encaixotadas para a mudança.. mas elas insistem em não ficarem dentro da caixa, e se transbordam por todos os lados. Logo, não tenho minhas 'coisas' encaixotadas para uma mudança.

Olho aquelas caixas amontoadas temporariamente num canto da casa, e me angustio: como vou fazer para arrumá essas 'coisas' de algum jeito que seja possível fazer uma mudança? Que tantas coisas são essas? Que diversas são as formas dessas coisas ficarem?

A sensação que tenho hoje é que elas não irão se encaixotar. Não vou conseguir levar tudo. Começo a achar que tenho que me desprender de algumas 'coisas' pra conseguir. Mas sim, já venho fazendo isso: vendi meu roupeiro, emprestei provisóriamente minha luminária bonita. Mas ainda segue muito, muitas, segue pesado.

Algumas 'coisas' terão que ficar aqui mesmo, nem tudo irá. Não será tudo carregado, e o pior: nem tudo, todas as 'coisas' são de entrar nas caixas de papelão, aquelas que transbordam algumas das 'coisas'. Tenho que começar a deixar essas outras coisas também... mas em boas mãos, e em tempo...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

E o povo cantando seu canto de paz


O frevo diz: "Olinda, quero cantar a ti! Teus coqueirais, o teu sol, o teu mar faz vibrar meu coração, de amor e sonhar. Em Olinda sem igual, salve o teu carnaval."

Bah, vou cantar mesmo... com força. No ano passado estive no carnaval de Olinda, recém chegado ao nordeste ainda; já foi uma experiência, hum... "forte", pra não precisar dizer outra coisa (que eu nem saberia dizer). Naquela quarta-feira de cinzas, chegado demanhã em casa e tendo que ir ao trabalho a tarde, me disse: "não preciso de mais um desses". Aprendi durante esse carnaval o que é o 'desmantelo', expressão usada aqui no nordeste.

Neste carnaval não deu outra... lá estava eu, em Olinda. E foi lindo; é linda mesmo. Aquelas ladeiras, com aquele sol, com aquela chuva, aquela gente feliz. Aquelas canções de frevo que mais pareciam orações àquele lugar, como que uma mulidão reverenciando aquela história. No meio do frevo, quanto mais calor se sentia, mais calor se queria; quanto menos voz se tinha, mais se queria gritar.

Grandes nomes da música? Não eram necessários pra isso. As próprias pessoas que estavam subindo e descendo aquelas ladeiras eram a própria música e contavam com a ajuda de blocos que se perdiam entre aqueles labirintos habitados. Frevo, frevo, frevo e mais frevo. Sem canções da moda, globalizadas, com passinhos padronizados que todo mundo conhece. Contudo, ninguém fica sem dançar, com dois dias naquelas ladeiras, já se pode arriscar o passe base do frevo. E o pulo sempre é uma boa expressão do momento.

Coloco em seguida a letra de um frevo que era praticamente apoteótico nas ladeiras de Olinda, grifando partes da letra que fazem jus ao que se passava nesses momentos, momentos que inclusive presenciei:

Chuva de Sombrinhas

A terra vai tremer
Quando o Galo passar
Fazendo estremecer o chão da praça

Não vai sobrar pedra sobre pedra
Quando a orquestra tocar
Chamando toda a Nação do meu Brasil pra ver

Que só aqui que tem
Que só aqui que há
Duda no Frevo, Alceu, Antônio Nóbrega

Que só aqui que tem
Que só aqui que há
Rio de passos, Chuvas de Sombrinhas
O côco da Selma, a ciranda de Lia
O Passo da Ema, a cobra a passar

O frevo fervendo ao sol do meio dia
Quarenta graus de Vassourinhas

Ai que calor ô ô,
Ai que calor ô ô
Ai que calor ô ô ......

Ah sim, este foi um grito de lamento pelo silêncio do frevo nas ladeiras de Olinda. Confesso; estava intalado na garganta.
Agora, registro aqui um pensamento bastante pertinente: acho que todos devem considerar passar uma vez na vida um carnaval em Olinda. Terá uma multidão, sim terá. Calor? Sim, muito sol. Mas esse é o colorido... não há como negar que essa experiência é um acontecimento. Considerem a possibilidade...

FOTO: os "Quatro cantos" de Olinda, onde os blocos se cruzam.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Como um coral de encontros e despedidas

Reencontro o blog como um recurso que tive, e volto a ter. Li agora a pouco minhas últimas postagens... ainda bem que as fiz. E me perguntando de onde me recordo, depois de todo esse tempo, que tenho um blog para escrever, só posso relacionar a condição de movimento. Há praticamente 1a de espaço-tempo entre a última postagem e essa que escrevo agora... e espaço-tempo intensamente vivido em João Pessoa no trabalho, com os outro lugares que pude conhecer, com as saídas daqui, com as estadas, com as diversas pessoas que encontrei nesse no caminho das mais diversas formas. Desconfio que essa quantidade e intensidade de acontecimentos não dispararam a recordação ou até mesmo o desejo de vir aqui e escrever no blog... é o deslocamento que me chama a essa escrita.
Não quero engessar o que estou chamando de deslocamento: para isso não é necessário atravessar o país com uma mala, realizamos micro-deslocamentos no cotidiano também, não é muito comum, mas estão lá também, em menor intensidade. Mas no meu caso, é o deslocamento duro, com a mala mesmo que me convoca a escrita... o deslocamento que me coloca na plataforma do trem em que "o mesmo trem que chega é o da partida"... é o meio do caminho.
Depois de criar algumas couraças no trabalho e suportar com elas algumas (fortes) adversidades, opto por me retirar desse espaço, na incerteza de para onde partiria então. Em meio a essa primeira ruptura - com o trabalho, a ruptura com este mar não tardaria a acontecer... é, cá estou eu, me indo: "a plataforma da estação é a vida desse meu lugar... é a vida." O que posso fazer então? "Voltar quando quero".